Pica-Pau foi criado em 1940 e foi o primeiro desenho a animado a ser transmitido pela televisão brasileira na década de 1950.
Por Flávio Gabriel
Quem viveu sua infância durante a década de 1990 (ou ante disso), deve se lembrar do Pica-Pau, um personagem que marcou época. O pássaro azul e vermelho ainda é lembrado pela esperteza que pregava, principalmente no seu vizinho, Leôncio. Fala a verdade, quem não se lembra do seu fiel companheiro Pé de Pano? Tocando uma música ou dando uma piscadinha, o cavalo encerrava a maior parte dos episódios.
Em 2020, o Pica-Pau completa 80 anos de história. O desenhista, animador e dublador norte-americano Walter Lantz criou o personagem em 1940. Inicialmente, os traços do desenho eram diferentes dos atuais, e foi nomeado de “Pica-Pau Maluco”.
O desenho já foi transmitido pela Globo, SBT e Record. Apesar disso, chegou ao Brasil em 1950, sendo transmitido pela TV Tupi. Além dos desenhos, alguns curtas surgiram até 1972.
Em 1999, o desenho ganhou outras histórias inéditas, produzidas pela Universal Pictures Animation. Essa nova leva durou até 2003. Mesmo com a atualização do desenho, certamente a risada continua garantindo a diversão.
Mas, antes disso, outras mudanças de design doo personagem aconteceram. Sobretudo, ele passou da imagem de maluco dos anos 1940, para um visual mais leve, em 1951. A
lém disso, a transformação não foi apenas na aparência, já que em 1961; sua personalidade passou a ser mais séria e mais tranquila, se comparada à versão inicial. Por fim, Walter Lantz conduziu o personagem até 1972, quando fechou o seu estúdio.
Personagens mais lembrados
Durante todos os anos de exibição, o desenho ganhou diversas figuras memoráveis. Alguns desses personagens continuam fazendo história e, atualmente, tornam-se até meme.
Bruxa
Você se lembra da frase”E lá vamos nós”, dita pela bruxa? A personagem, definitivamente, passou por poucas e boas nas mãos do Pica-Pau. No episódio “A vassoura da bruxa”, o cabo da vassoura da personagem foi quebrado. Por isso, o Pica-Pau ficou com a vassoura original, enquanto a bruxa testava outras dezenas.
Corvo Jubileu
Este também é um personagem popular. A frase “Você disse pipoca com manteiga?” fez o Pica-Pau enganar o corvo para tomar o seu lugar. No entanto, neste episódio o Pica-Pau não se dá bem no final, já que Jubilei percebe que foi engando e volta para acercar as contas retomando o seu posto.
Frank
O Puxa-Frango, surgiu no episódio “Não puxe minhas penas”. O robô tinha o objetivo de depenar qualquer ave e, por isso, perseguiu o Pica-Pau durante todo o período. Além do personagem, tinha uma trilha sonora que se consegue lembrar até hoje.
Leôncio
A Morsa, vizinho do Pica-Pau e, certamente, uma das figuras mais conhecidas da obra, também passou por grandes apuros. Nos episódios, o personagem principal sempre era atraído pelo cheiro de comida. Com isso ele buscava várias alternativas para conseguir chegar até Leôncio, que por sua vez ficava irritado.
Pé de Pano
Por fim, este é o companheiro leal do pássaro. Para quem não sabe o cavalo pertencia ao bandido João Seboso. ao ver que era melhor estar ao lado do bem, Pé de Pano aliou-se a Pica-Pau. Apesar de chorar em todos os episódios, o cavalo está sempre disposto a ajudar Pica-Pau nas confusões.
Quem são os “vilões”?
Meany Ranheta
Provavelmente ao lembrar-se dessa personagem, automaticamente também se lembra da sua principal característica: o mau humor. Meany Ranheta é uma das vilãs da história. Apesar de estar sempre irritada, sabe-se que o motivo eram as trapaças do Pica-Pau. Por isso, em muitos episódios a vilã aparecia com uma espingarda nas mãos.
Zé Jacaré
Outro personagem clássico é o Zé Jacaré. Ele sempre dava um jeito de tentar fazer um ensopado do Pica-Pau, mas sem êxito. Aliás, o Zé Jacaré era enganado pelo protagonistas muitas vezes, inclusive, dentro do próprio caldeirão.
Professor Grossenfibber
E o professor Grossenfibber? Cabelos nas laterais da cabeça, um bigode, olhos meio tristes e um óculos na ponta do nariz. O cientista sempre usava o Pica-Pau nos seus mais variados experimentos.
Zeca Urubu
Falar em esperteza, certamente, você nunca esqueceu o Zeca Urubu. Uma das suas características, aliás, era tirar vantagem em todas as situações. Com uma lábia apurada, o urubu tentava enganar até o Pica-Pau, mas sem sucesso.
Dooley
Outro vilão no cenários do Velho Oeste era o Dooley. Um cartaz de “procura-se Dooley” marca sua passagem pelos episódios.
Metáforas do desenho
O personagem do Pica-Pau não atrai apenas as crianças, sendo, também, objeto de atenção dos adultos. Contudo, também ilustra pesquisas científicas e é base para teses e estudos. O imaginário infantil é capaz de reproduzir diversas situações e o apego a um desenho pode contribuir com esse processo. No entanto, apesar de cenas que podem ser interpretadas como agressão, o Pica-Pau tem o apelo do herói que luta pelo bem.
A tese de doutorado da psicóloga Elza Dias Pacheco “O Pica-Pau: Herói ou Vilão? Representação Social da Criança e Reprodução da Ideologia Dominante” traz essa reflexão. Inicialmente a pesquisadora tinha a ideia de que a representação de desenhos com certo grau de violência poderia influenciar negativamente as crianças e, diante disso, imaginou outro cenário. Portanto, os resultados trouxeram dados diferentes.
Dentre os desenhos mais mencionados pelas crianças entrevistadas, o Pica-Pau estava à frente do Pernalonga e demais figuras ocidentais. Assim, uma das primeiras constatações da pesquisa foi que desenhos mais tecnológicos eram interesses, mas passageiros. Por isso, Pica-Pau chamava a atenção pelas cores, tamanho e pela destreza de defender o que lhe pertence.
Identificação com Pica-Pau
Dessa forma a psicóloga entendeu que o personagem falava sobre si e, consequentemente, criava identificação com o universo infantil. A pesquisa foi feita com crianças entre 5 e 11 anos. Nessa fase é mais fácil criar afeição por um personagem. Os desenhos japoneses seguem outra linha, com vários personagens ao mesmo tempo e, portanto, não fixa uma identidade para criança.
Outro ponto que a tese apresenta é que a figura pequena e heroica atrai a atenção, por isso é mais fácil criar um sentimento de identificação nos pequenos. Diante disso, a questão do bem e do mal também é importante já que, geralmente, o personagem principal luta pelo bem. Nesse caso, os demais personagens são vistos como quem pratica o mal.
E o que dizer sobre as agressões no desenho? Com relação a esse quesito, a metáfora é de que só há agressão quando há provocação. Ou seja, há uma defesa pelo bem. Com isso, diante dessas cenas, não há personagens que morrem e isso fica no imaginário da criança. No entanto, com as constatações da pesquisa, a psicóloga defende a inserção de desenhos como parte do aprendizado da criança. Conforme a pesquisa há elementos que mostram o terror e a criança consegue desenvolver a defesa.
Curiosidades sobre o Pica-Pau
Foi durante a lua de mel de Walter Lantz que o personagem principal da animação foi criada. A inspiração surgiu após um pássaro -um pica-pau -, surgir em sua noite de núpcias. O criador do personagem nasceu em 1889 e sua primeira profissão foi mecânico. Mesmo com interesse em animação já aos 12 anos, foi só em 1928 que ingressou no universo dos desenhos animados, ao conduzir “Oswald, o Coelho Sortudo“.
O Pica-Pau tem tanto reconhecimento que, acima de tudo, possui uma estrela na calçada da fama em Hollywood, na Califórnia. E sobre a risada? Ela surgiu antes mesmo do personagem, criada pelo dublador Mel Blanc (que, anteriormente, dublava o Pernalonga). Pica-Pau também teve uma dubladora, Grace Stafford, esposa de Walter Lantz.
Por fim, Pica-Pau já foi indicado duas vezes ao Oscar, como “Melhor Curta Metragem” e “Melhor Canção Original”. Em 2018 foi lançado Pica-Pau O Filme e o Brasil foi o primeiro país a prestigiar a estreia nas telas do cinema. Contudo, não há confirmação da espécie do Pica-Pau apesar de ter o nome de uma ave.
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Fonte: Legião dos Heróis Metropolitana 98,5 FM Tri Curioso Minilua Pesquisa FAPESP
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